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      Uirapuru - Fábio Caramuru

Uirapuru, obra criada e interpretada por Fábio Caramuru, gravado em 2015, em São Paulo. Parte do CD EcoMúsica – Conversas de um piano com a fauna brasileira.

“O uirapuru é um pássaro com um canto inesquecível. Pode ser encontrado na floresta amazônica e é um dos “participantes” do meu CD EcoMúsica | Conversas de um piano com a fauna brasileira”. (Fábio Caramuru)

Lenda do uirapuru

De acordo com as lendas indígenas, o uirapuru é um pássaro especial. Dizem que ele é mágico e quem o encontra pode ter um desejo realizado.

Diz a lenda que um jovem guerreiro apaixonou-se pela esposa de um grande cacique. Por se tratar de um amor proibido o jovem não podia se aproximar dela. Sendo assim, pediu ao deus Tupã que o transformasse em um pássaro. Tupã transformou-o em uma ave vermelha, com um lindo canto.

O cacique logo percebeu o canto maravilhoso daquele pássaro. Ficou tão fascinado que tentou aprisoná-lo para ter seu canto só para ele, mas acabou se perdendo na floresta.

Todas as noites o pássaro canta para a sua amada, na esperança de que um dia a jovem descubra o seu canto e saiba que ele é o jovem guerreiro.

Água de beber, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, interpretada por Fábio Caramuru

“(…) essa música foi escrita em Brasília, quando os dois (Tom Jobim e Vinicius de Moraes) foram convidados por Juscelino para compor a Sinfonia de Brasília, e a cidade ainda estava em construção, em 1959. Estavam caminhando pela rua e ouviram um barulho de água; foram ver o que era e uma pessoa falou pra eles: “é água de beber, camará”. (texto por Wagner Amorosino)

As fotos da chapada dos veadeiros foram feitas pelo pianista Fábio Caramuru, em 2011

Água de beber (Tom Jobim e Vinicius de Moraes)

Eu quis amar, mas tive medo
E quis salvar meu coração
Mas o amor sabe um segredo
O medo pode matar o seu coração

Água de beber
Água de beber, camará
Água de beber
Água de beber, camará

Eu nunca fiz coisa tão certa
Entrei pra escola do perdão
A minha casa vive aberta
Abri todas as portas do coração

Água de beber
Água de beber, camará
Água de beber
Água de beber, camará

Eu sempre tive uma certeza
Que só me deu desilusão
É que o amor é uma tristeza
Muita mágoa demais para um coração

Água de beber
Água de beber, camará
Água de beber
Água de beber, camará

Fonte: https://www.vagalume.com.br/tom-jobim/agua-de-beber.html

Duo Brasil em dois pianos, com Fábio Caramuru e Marco Bernardo, realiza concerto Radamés encontra Jobim, na Sala São Paulo

Domingo, dia 10 de abril de 2016

O duo Brasil em Dois Pianos, formado pelos pianistas Fábio Caramuru e Marco Bernardo, fará um concerto na Sala São Paulo, domingo, dia 10 de abril de 2016, às 11h, com ingressos gratuitos, dentro da Série de Concertos Matinais 2016, produzida pela Fundação OSESP. Trata-se do terceiro concerto do duo nessa importante série musical paulistana.

No final de 2014, o duo realizou uma turnê por cinco capitais brasileiras, patrocinada pelos Correios, além de um concerto gravado na Série Instrumental SESC Brasil.

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Fábio Caramuru e Marco Bernardo

Marco Bernardo e Fábio Caramuru, por Otavio Dias

Fábio Caramuru é um dos maiores especialistas do Brasil em Tom Jobim, tema de seu mestrado pela ECA-USP. Além disso, lançou, em 2007, o CD duplo Piano – Tom Jobim por Fábio Caramuru. Marco Bernardo, por sua vez, é nome de referência no país quando se trata do legado de Radamés Gnattali. Em 2012, lançou o CD duplo Radamés Gnattali: Integral dos Choros para Piano Solo.

O concerto promove um instigante diálogo entre a música dos dois grandes compositores brasileiros – Radamés Gnattali e Tom Jobim – trazendo arranjos para dois pianos elaborados por Marco Bernardo, de grandes sucessos, como Samba do Avião, Águas de Março, Remexendo, Desafinado e Insensatez. Os arranjos e solos para piano de Tom Jobim são de autoria de Fábio Caramuru.

PROGRAMA

TOM JOBIM [/][ type=”1_1″ background_position=”left top” background_color=”” border_size=”” border_color=”” border_style=”solid” spacing=”yes” background_image=”” background_repeat=”no-repeat” padding=”” margin_top=”0px” margin_bottom=”0px” class=”” id=”” animation_type=”” animation_speed=”0.3″ animation_direction=”left” hide_on_mobile=”no” center_content=”no” min_height=”none”][1927-94]
Dindi [1959] [Arranjo de Fábio Caramuru] 4 MIN

RADAMÉS GNATTALI [1906-1988]
Carinhosa [1948] 3 MIN

Remexendo [1949] 3 MIN

Alma Brasileira [1939] 4 MIN

TOM JOBIM [1927-94]
Ligia [1976] 3 MIN

Desafinado [1959] [Aranjo de Marco Bernardo] 5 MIN

Água de beber [1961] [Arranjo de Fábio Caramuru] 4 MIN

RADAMÉS GNATTALI [1906-88]
Uma Rosa Para Pixinguinha [1964] 3 MIN

TOM JOBIM [1927-94]
A correnteza [1976] [Arranjo de Fábio Caramuru] 4 MIN

Insensatez [1960] [Aranjo de Marco Bernardo] 4 MIN

RADAMÉS GNATTALI [1906-88]
Zanzando em Copacabana [1958] 3 MIN

TOM JOBIM [1927-94]
Chovendo na roseira [1970] [Arranjo de Fábio Caramuru] 3 MIN

Meu amigo Radamés [1985] [Arranjo Radamés Gnattali] 3 MIN

Samba do avião [1962] [Aranjo de Marco Bernardo] 3 MIN

Águas de março [1972] [Aranjo de Marco Bernardo] 4 MIN

SERVIÇO

BRASIL EM DOIS PIANOS | DOMINGO 10 DE ABRIL às 11h.

SÉRIE CONCERTOS MATINAIS 2016

SALA SÃO PAULO – Praça Julio Prestes, 16, São Paulo, SP.

INGRESSOS GRATUITOS
Ingressos disponíveis na bilheteria do 1º subsolo da Sala São Paulo a partir da segunda-feira anterior ao concerto, limitados a quatro por pessoa. A partir de cinco ingressos, será cobrado o valor de R$ 2,00 por ingresso, também limitados a quatro por pessoa.
No dia do concerto, havendo disponibilidade, a distribuição de ingressos será a partir das 10h. Limitado a um ingresso por pessoa.
Informações: T 55 11 3223 3966.
Devido à grande procura, recomendamos que verifique se há disponibilidade de ingressos.
Capacidade: 1484 lugares. Ar condicionado. Acesso para deficientes.

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      Amparo, de Tom Jobim, por Fábio Caramuru - Fábio Caramuru

 

Amparo, de Tom Jobim, interpretado por Fábio Caramuru, parte do CD Piano – Tom Jobim por Fábio Caramuru.

Amparo / Olha, Maria (Tom Jobim, Vinicius de Moraes e Chico Buarque)

Olha, Maria
Eu bem te queria
Fazer uma presa
Da minha poesia
Mas hoje, Maria
Pra minha surpresa
Pra minha tristeza
Precisas partir

Parte, Maria
Que estás tão bonita
Que estás tão aflita
Pra me abandonar
Sinto, Maria
Que estás de visita
Teu corpo se agita
Querendo dançar

Parte, Maria
Que estás toda nua
Que a lua te chama
Que estás tão mulher
Arde, Maria
Na chama da lua
Maria cigana
Maria maré

Parte cantando
Maria fugindo
Contra a ventania
Brincando, dormingo
Num colo de serra
Num campo vazio
Num leito de rio
Nos braços do mar

Vai alegria
Que a vida, Maria
Não passa de um dia
Não vou te prender
Corre, Maria
Que a vida não espera
É uma primavera
Não podes perder

Anda, Maria
Pois eu só teria
A minha agonia
Pra te oferecer
Anda, Maria
Pois eu só teria
A minha agonia
Pra te oferecer

Sobre Tom Jobim

Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim – ou Tom Jobim -, compositor, cantor, violonista e pianista, um dos maiores expoentes da música brasileira, foi também um dos principais responsáveis pela internacionalização da bossa nova, estilo e movimento musical com influências jazzísticas, iniciado por volta de 1958 no Rio de Janeiro, que introduziu invenções melódicas e harmônicas no samba.

Considerado um dos grandes compositores de música popular do século 20, as raízes de Tom Jobim encontram-se no jazz, em Gerry Mulligan, Chet Baker, Barney Kessel e outros músicos da década de 1950. Ao mesmo tempo, Jobim sofreu influências da música erudita, principalmente do compositor francês Claude Debussy, e dos ritmos do samba.

A certa maneira simples e melódica de tocar o piano, Jobim acrescentava sempre um toque de invenção, uma sonoridade inesperada, enquanto sua voz, ligeiramente rouca, salientava os aspectos emocionais das letras.

Depois de ter pensado em seguir a carreira de arquiteto, Jobim acabou se dedicando exclusivamente à música: aos vinte anos já se destacava em casas noturnas e estúdios de gravação. Se primeiro disco foi gravado em 1954, mas o sucesso veio em 1956, quando, junto com o poeta Vinicius de Moraes, elaborou a música da peça teatral “Orfeu da Conceição” (no cinema, “Orfeu negro”).

A bossa nova surgiria efetivamente em 1958, quando Jobim produz o disco “Chega de saudade”, no qual João Gilberto toca e canta músicas do próprio Jobim.

Fonte: http://educacao.uol.com.br/biografias/tom-jobim.htm

Fábio Caramuru e seu mais recente CD EcoMúsica Conversas de um piano

Fábio Caramuru lança o CD Conversas de um piano com a fauna brasileira

Calendário de lançamento com noites de autógrafo:

11/11 – quarta-feira, das 18h às 21h – Noite de autógrafos na Livraria Cultura do Conjunto Nacional – São Paulo | Av. Paulista, 2073, Piso do Teatro | Tel. 11 3170 4033

13/11 – sexta-feira, das 19h30 às 20h30 – Noite de autógrafos na Loja Clássicos – São Paulo Sala São Paulo, anexo ao hall principal | Pça Julio Prestes, s/nº | Tel.: 11 3337 2719

8/12 – 3ª feira 19 às 21h – Entrevista e noite de autógrafos na Casa do Saber – São Paulo | Fabio Malavoglia entrevista Fábio Caramuru | Inscrições gratuitas exclusivamente pelo site http://www.casadosaber.com.br/ Vagas limitadas e sujeitas à lotação do espaço. Fabio Malavoglia | Jornalista, locutor, roteirista e poeta, apresenta o programa “Radiometrópolis” na Rádio Cultura FM | Rua Dr. Mario Ferraz, 414 – São Paulo | Tel.: 11 3707 8900

Maiores informações com Alexandre Barros | alex@echobr.com.br

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Uirapuru laranja, pássaro típico da região da floresta amazônica

Uirapuru laranja, pássaro típico da região da floresta amazônica

Nesse registro sonoro inovador, o pianista apresenta um diálogo entre o piano e os sons de aves, insetos e um anfíbio da fauna brasileira, obtidos na Fonoteca Neotropical Jacques Vielliard (FNJV) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Temas originais criados especialmente pelo pianista foram  agregados e amalgamados cuidadosamente aos sons dos animais, captados em diversos locais do país, resultando em um trabalho artístico que homenageia com reverência e delicadeza a natureza brasileira.

Piano e sons dos animais operam no mesmo status, em tempo real, não havendo, portanto, o conceito de solo/acompanhamento, podendo ser observados nas 14 faixas do CD diferentes processos de criação musical, tais como imitação, contraste, contraponto, melodia acompanhada, atonalismo, música modal, referências a blues e jazz, entre outras

“A natureza é o mais completo instrumento musical que existe. Com o projeto “EcoMúsica”, busco aproximar as pessoas da beleza sonora do Brasil”. (Fábio Caramuru)

A iniciativa artística apresenta alguns fatores que a tornam  instigante, como o ineditismo de sua linguagem inovadora ao adotar procedimentos de criação pouco usuais na música de concerto, além de ser um projeto cultural que ressalta a importância da preservação do meio ambiente. A abordagem ecológica do projeto focaliza e valoriza aspectos significativos da natureza brasileira, conferindo ao mesmo uma imagem positiva de relação entre arte e sustentabilidade.[/][/fusion_builder_row][/fusion_builder_container]

Fábio-Caramuru-e-Marco-Bernardo-Instrumental-SESC-Brasil

O duo Brasil em Dois Pianos, formado pelos pianistas Fábio Caramuru e Marco Bernardo, fará turnê por cinco capitais brasileiras no mês de novembro de 2014: São Paulo (7), Rio de Janeiro (9), Curitiba (17), Brasília (19) e Belo Horizonte (26). Intitulada Tom Jobim, 20 Anos de Saudade, a série de apresentações é uma homenagem ao maestro soberano e lembra sua parceria com outro grande artista brasileiro: Radamés Gnatalli. O projeto conta com o patrocínio dos Correios, sendo mais uma realização da Echo Promoções Artísticas.
Site oficial do projeto: www.brasilemdoispianos.com.br

 

Em São Paulo (Museu da Casa Brasileira) e Brasília (Casa Thomas Jefferson) a entrada é franca; já em Curitiba (Capela Santa Maria), Rio de Janeiro (Espaço Tom Jobim) e Belo Horizonte (Teatro Bradesco), os ingressos custam entre R$ 5 e R$ 20 (ver tabela de serviço).

Fábio Caramuru é um dos maiores especialistas do Brasil em Tom Jobim, tema de seu mestrado pela ECA-USP. Além disso, lançou em 2007 o CD duplo Piano – Tom Jobim por Fábio Caramuru. Marco Bernardo, por sua vez, é nome de referência no país quando se trata do legado de Radamés Gnattali. Em 2012, lançou o CD duplo Radamés Gnattali: Integral dos Choros para Piano Solo.

 

PROGRAMA

Samba do avião (Tom Jobim) / Zanzando em Copacabana (Radamés Gnattali) / Remexendo (Radamés Gnattali) / Two kites (Tom Jobim) / Alma brasileira (Radamés Gnattali) / Prelúdio nº 4 (Chopin) / Insensatez (Tom Jobim) / Desafinado (Tom Jobim) / Dindi (Tom Jobim) / Meu amigo Radamés (Tom Jobim) / Domingo no parque (Gilberto Gil) / Serenata do Adeus (Vinicius de Moraes) / Baião malandro (Egberto Gismonti) / Samambaia (Cesar Camargo Mariano) / Cristal (Cesar Camargo Mariano) / Águas de março (Tom Jobim).
Duração aproximada: 80 minutos.

 

SÃO PAULO (SP)
Data: 7 de novembro, sexta-feira, 20h
Local: Museu da Casa Brasileira
Endereço: Av. Brigadeiro Faria Lima, 2.705.
Informações: 11 3032 3727.
Concerto gratuito / Recomenda-se chegada com 1 hora de antecedência.

RIO DE JANEIRO (RJ)
Data: 9 de novembro, domingo, 17h
Local: Espaço Tom Jobim, Jardim Botânico
Endereço: Rua Jardim Botânico, 1.008.
Informações: 21 2274 7012.
Ingressos: R$ 20 e R$ 10

CURITIBA (PR)
Data: 17 de novembro, segunda-feira, 20h
Local: Capela Santa Maria
Endereço: Rua Conselheiro Laurindo, 273 – Centro
Informações: 41 3321 2840
Ingressos: R$ 20 e R$ 10

BRASÍLIA (DF)
Data: 19 de novembro, quarta-feira, 20h.
Local: Casa Thomas Jefferson
Endereço: SEP Sul 706/906
Informações: 61 34425501 ou pelo site www.thomas.org.br
Concerto gratuito – Recomenda-se chegada com 1 hora de antecedência.

Belo Horizonte (MG)
Data: 26 de novembro, quarta-feira, 20h30.
Local: Teatro Bradesco
Endereço: Rua da Bahia 2244 – Lourdes – BH
Informações: 31 3516 1360
Ingressos R$ 10 e R$ 5, obtidos na bilheteria ou  pelo site: www.ingressorapido.com.br
Site do teatro: http://teatrobradescobh.com.br
Horário de funcionamento da bilheteria: de segunda a sábado, das 12h às 20h; e domingo, das 12h às 19h, com dois atendentes.
A bilheteria funciona até 30 minutos depois do início do espetáculo.

Os pianistas Fábio Caramuru e Marco Bernardo interpretam Meu amigo Radamés

Gravação realizada no Teatro Anchieta, do Sesc Consolação, em 13 de outubro de 2014.

Sobre Jobim e Radamés até a construção de Brasília

(…)

Outro músico que desconhecia as fronteiras entre o erudito e o popular, e que teve profunda influência na obra de Tom Jobim, foi Radamés Gnattali. Os dois trabalharam juntos na gravadora Continental, onde Tom ingressou em 1952. Radamés era já um compositor e arranjador consagrado, e foi praticamente um pai musical para Tom, incentivando-o e dando preciosas dicas de composição e orquestração.

Por sugestão de Radamés, Tom compôs Lenda, uma obra para piano e orquestra sinfônica, que mescla o caráter impressionista típico de Debussy com o romantismo lírico de Rachmaninov. Quando completou 28 anos, Tom recebeu de Radamés um importante convite: reger Lenda no programa Quando os maestros se encontram, da Rádio Nacional, com Radamés ao piano.

A orquestra da Rádio Nacional era formada por músicos do mais alto calibre, muitos dos quais tocavam também na Orquestra Sinfônica Brasileira e na Orquestra do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Não foi uma experiência fácil para Tom, que não estava acostumado a reger, mas Radamés, sentado ao piano, ajudou o inexperiente maestro dando entradas para os músicos da orquestra. Percebemos a importância que este evento teve na vida musical de Tom Jobim pela frase que ele disse naquela noite aos seus parentes e amigos, que saíram para celebrar com ele após o concerto: “Agora posso morrer. Qualquer lotação pode passar por cima de mim.”

A próxima obra sinfônica de Tom Jobim teve envergadura ainda maior: Sinfonia da Alvorada, para vozes e orquestra, em cinco movimentos, sobre textos de Vinicius de Moraes. A obra foi encomendada em 1958 por Juscelino Kubitschek, para ser apresentada na inauguração de Brasília em 1960. Tom trabalhou nela na mesma época do lançamento de Chega de Saudade e outras canções que assegurariam o sucesso da Bossa Nova. Tal qual as sinfonias e poemas sinfônicos de meados do século dezenove — como nas obras de Berlioz, Liszt e, posteriormente, Richard Strauss — Tom concebeu Sinfonia da Alvorada como uma obra programática. O primeiro movimento descreve em música a paisagem do Planalto Central; a chegada dos pioneiros e a construção da capital são abordados do segundo ao quarto movimentos; a quinta e última parte consiste em um coral comemorativo da conclusão dos trabalhos de construção.

Fonte: http://www.danielwolff.com.br/arquivos/File/Jobim.htm

Os pianistas Fábio Caramuru e Marco Bernardo interpretam Águas de março, em arranjo elaborado por Marco Bernardo

Gravação realizada no Teatro Anchieta, do Sesc Consolação, em 13 de outubro de 2014.

Águas de março

É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol
É peroba do campo, é o nó da madeira
Caingá, candeia, é o Matita-Pereira

É madeira de vento, tombo da ribanceira
É o mistério profundo, é o queira ou não queira
É o vento ventando, é o fim da ladeira
É a viga, é o vão, festa da cumeeira
É a chuva chovendo, é conversa ribeira
Das águas de março, é o fim da canseira
É o pé, é o chão, é a marcha estradeira
Passarinho na mão, pedra de atiradeira

É uma ave no céu, é uma ave no chão
É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão
É o fundo do poço, é o fim do caminho
No rosto um desgosto, é um pouco sozinho

É um estrepe, é um prego, é uma ponta, é um ponto
É um pingo pingando, é uma conta, é um conto
É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando
É a luz da manhã, é o tijolo chegando
É a lenha, é o dia, é o fim da picada
É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada
É o projeto da casa, é o corpo na cama
É o carro enguiçado, é a lama, é a lama

É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um resto de mato na luz da manhã
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração

É uma cobra, é um pau, é João, é José
É um espinho na mão, é um corte no pé
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração

É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um belo horizonte, é uma febre terçã
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração

Pau, pedra, fim do caminho
Resto de toco, pouco sozinho
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração

Fábio Caramuru e Marco Bernardo

13 de outubro 2014 | 19 horas | Grátis

PROGRAMA TELEVISIONADO

Fábio Caramuru e Marco Bernardo | Duo Brasil em dois pianos

O Instrumental Sesc Brasil, projeto pioneiro de música Instrumental do SESC, foi adaptado para TV em 1990, mas já existia nos palcos da unidade do SESC Paulista desde o início da década de 80. Atualmente, os shows acontecem semanalmente no Teatro Anchieta, na unidade SESC Consolação. Promove o encontro entre músicos novos e consagrados de diversas vertentes, contabilizando mais de 700 shows assistidos presencialmente por mais de 200 mil pessoas. Na internet, de 2007 a 2012 foram mais de 225 mil acessos ao site.

Nesse projeto dedicado exclusivamente à música brasileira, os pianistas Fábio Caramuru e Marco Bernardo se reúnem para mostrar suas maiores especialidades, alternando-se em solos e a dois pianos. Com arranjos inéditos escritos por Marco Bernardo especialmente para essa formação, os artistas interpretam grandes sucessos da música brasileira.

Fábio Caramuru é um dos maiores especialistas do Brasil em Tom Jobim, tema de seu mestrado pela ECA-USP. Além disso, lançou em 2007 o CD duplo Piano – Tom Jobim por Fábio Caramuru. Marco Bernardo, por sua vez, é nome de referência no país quando se trata do legado de Radamés Gnattali. Em 2012, lançou o CD duplo Radamés Gnattali: Integral dos Choros para Piano Solo.

Veja o concerto completo: Fábio Caramuru e Marco Bernardo ao vivo.

  • Samba do avião (Tom Jobim)
  • Uma rosa para Pixinguinha (Radamés Gnattali)
  • Zanzando em Copacabana (Radamés Gnattali)
  • Remexendo (Radamés Gnattali)
  • Ligia (Tom Jobim)
  • Two kites (Tom Jobim)
  • Vaidosa (Radamés Gnattali)
  • Alma brasileira (Radamés Gnattali)
  • Prelúdio nº 4 (Chopin)
  • Insensatez (Tom Jobim)
  • Desafinado (Tom Jobim)
  • Passarim (Tom Jobim)
  • Dindi (Tom Jobim)
  • Meu amigo Radamés (Tom Jobim)
  • Domingo no parque (Gilberto Gil)
  • Serenata do adeus (Vinicius de Moraes)
  • Baião malandro (Egberto Gismonti)
  • Samambaia (Cesar Camargo Mariano)
  • Cristal (Cesar Camargo Mariano)
  • Águas de março (Tom Jobim)

Projeto 20 Anos de Saudade faz um sobrevoo prático nas obras de Tom Jobim

Sob a curadoria do pianista Fábio Caramuru, shows na Caixa Cultural fazem homenagem ao maestro

Julio Maria, O Estado de S. Paulo
17 de julho de 2014

Duas notas e um mundo inteiro se abria. Simples assim. Duas notas tocadas pelas mãos de um homem que se dizia pianista frustrado, mas que achava seus caminhos partindo de ideias pequenas que bem poderiam sair da brincadeira de uma criança. Menos era mais, dizia Tom Jobim, mas seu menos saía pela janela do quarto e crescia, tomava proporções sinfônicas, virava um gigante. E, quando voltava para suas mãos, no final da tarde, era de novo apenas duas notas.

Jobim morreu há 20 anos, quando seu coração parou durante uma angioplastia para o tratamento contra um câncer. Um repórter conseguiu falar com Chico Buarque na rua logo depois da notícia da morte. Ele estava desnorteado. “Eu não sei o que vai ser, não sei. Era para ele que eu fazia tudo.”

O maestro partiu sem explicar direito que negócio era aquele de fazer música daquele tamanho com os sentimentos do menino que vê um passarinho. Deixou a tarefa para quem quisesse destrinchá-la. E a vez é do pianista Fábio Caramuru, curador do projeto 20 Anos de Saudade, um interessante sobrevoo bem mais prático do que teórico sobre a produção jobiniana.

Serão três shows e uma mesa de conversas a partir desta quinta-feira, 17, às 19h15, na Caixa Cultural. “A ideia foi mostrar a diversidade de seu legado”, diz Fábio. Ainda que o intuito não seja o didatismo, os recortes estão claros: a cantora Paula Morelenbaum e o violoncelista e arranjador Jaques Morelenbaum fazem a abertura, com a percussão de Marcelo Costa e o violão de Lula Galvão.

Paula e Jaques foram células da sonoridade de Jobim por dez anos, quando integraram a Banda Nova, ou Nova Banda, formada para gravar e acompanhar o maestro em shows. “A voz de Paula se adapta perfeitamente ao conceito musical de Jobim”, diz Fábio. Se é assim, Paula lembra, que seja natural. Ela nunca forçou uma interpretação quando esteve diante de Tom. “Isso é a sensibilidade que me faz ir por este ou aquele caminho. O fato de ter convivido com ele por dez anos, por sua vez, também me permitiu saber das coisas de que ele gostava.”

Jaques, a quem o compositor chamava de maestro, fala de Tom com um brilho na voz. “Eu não precisaria ter tocado com ele por dez anos para querer interpretar essas músicas. Estou impregnado de Jobim em cada poro.” Mas o fato é que ele tocou, e dez anos o fizeram saber como funcionava a cabeça de seu mestre. “Imagina, eu era uns 20 anos mais jovem do que ele, e podia respirar seu ar, ver como ele apertava a tecla de um piano, entender a paixão que ele tinha diante de sua própria música, dizendo ‘que maravilha!’”

No repertório dos Morelenbaums, estarão músicas como o Surfboard, Samba de Uma Nota Só, Brigas Nunca MaisÁguas de Março, O Grande Amor, Sabiá, InsensatezFalando de Amor, Retrato em Branco e Preto e Wave.

Na sexta-feira, 18, será a vez de o violonista e arranjador Mario Adnet, seguido por piano, sax e flauta, mostrar a frente camerística desenvolvida por Jobim depois de seu início bossa-novista e, ainda antes disso, ligado aos sambas-canção. “Adnet tem essa vivência, compreende bem esse conceito mais sinfônico.”

E eis um dos maiores trunfos do maestro. “O menos era mais. Quando analisamos as composições, as harmonias que ele fazia, percebemos que não sobra e não falta nada, é impressionante. E você sente que sua origem era sempre o piano, embora ele dissesse ser um pianista limitado.”

Se não fosse pianista, mas sim violonista, por exemplo, a obra de Jobim seria a mesma? “Eu acho que não. A composição dele era claramente originada nas teclas do piano”, responde Fábio. Embora, faça-se justiça, Jobim tocasse violão muito bem. “E o fato de ser limitado, como ele dizia, talvez fosse sorte”, completa o pianista, refletindo sobre as melodias e as harmonias de acidentes e intervalos apenas necessários. Fábio e Marco Bernardo apresentam, sábado, 19, também a partir das 19h15, obras de Jobim com dois pianos. Será a vez de mostrar as águas que Jobim bebeu – sobretudo as de Radamés Gnattali, Villa-Lobos, Debussy e Ravel, e a fonte que se tornou, evidente nas mãos de Egberto Gismonti (Baião Malandro), Cesar Camargo Mariano (Samambaia) e Gilberto Gil (Domingo no Parque). Às 20h30, haverá uma conversa com o público, estimulada pelos debatedores, o pesquisador Zuza Homem de Mello, os maestros Julio Medaglia e Gil Jardim, e o próprio Fábio Caramuru.

O domingo, 20, vai ficar com a cantora Alaíde Costa e o pianista Giba Estebez, representando os primórdios de Tom Jobim, uma era bem mais passageira do que aparenta a chamada bossa nova.

TOM JOBIM – 20 ANOS DE SAUDADE

Caixa Cultural. Praça da Sé, 111, centro, tel. 3321-4400. 5ª a dom., 19h15. Grátis. Até 20/7.

Fonte: http://cultura.estadao.com.br/noticias/geral,projeto-20-anos-de-saudade-faz-um-sobrevoo-pratico-nas-obras-de-tom-jobim,1529698