Festival idealizado e dirigido por Fábio Caramuru, realizado no Espaço Cultural Correios do Rio de Janeiro em março de 2007

O Festival Tom Jobim 80 Anos aconteceu entre os dias 21 e 25 de março no Centro Cultural Correios do Rio de Janeiro – CCC / RJ, com patrocínio exclusivo dos Correios e produção da Echo Promoções Artísticas Ltda. Idealizada pelo pianista, arranjador e produtor Fábio Caramuru, a programação teve cinco atrações musicais, apresentando um conjunto de 71 composições de Tom Jobim, nas vozes de Paula Morelenbaum, Muiza Adnet, Mario Adnet, Vânia Bastos, Alaíde Costa, apresentando solos dos pianistas João Carlos Assis Brasil e Fábio Caramuru, entre outros instrumentistas. A vida e a obra de Tom Jobim foi, ainda, comentada em mesa-redonda por Julio Medaglia, Lorenzo Mammi e Arthur Nestrovski.

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Bossa in the Sgadows - Labor Records USA (2007)

Bossa in the Shadows – CD do Duo Caramuru – Baldanza, lançado em 2007 em Nova York pelo selo Labor Records.

Gravado pelo pianista Fábio Caramuru e pelo contrabaixista Pedro Baldanza, o CD Bossa in the Shadows contém 18 faixas autorais com títulos sugestivos como “For Inezita” (música dedicada à Inezita Barroso), “Take the Z train”, “Deconstructed Guarnieri” (dedicada ao compositor Camargo Guarnieri), Heart, Tango and Waltz. O encarte do CD traz um elogioso texto de apresentação do compositor e crítico norte-americano Eric Salzman.

SITE LABOR RECORDS

How does a pair of contemporary Brazilian musicians manage to be traditionalists and innovators at the same time? How does the same pair manage to incorporate the strands of popular and classical Brazilian music and rhythm into a single unified style? The dynamic new Labor Records album, Bossa in the Shadows from Säo Paolo, Brazil, shows pianist and composer Fábio Caramuru and bassist/composer/arranger Pedro Baldanza working across a huge and vibrant musical spectrum that runs from Afro-Samba to updated Bossa Nova, to Duke Ellington, to Villa-Lobos to “dancing the Baiäo to the great Brazilian master Tom Jobim to their own original conceptions. The music has all the ingredients of great American jazz, traditional and advanced, but, at the same time, it is infused with ideas rooted somewhere else resulting in its originality and lack of cliches.

Links sobre o CD:
www.cdbaby.com/cd/duocaramurubaldanza

http://zookeeper.stanford.edu/index.php?session=&action=viewRecentReview&tag=860936

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20071211/not_imp93779,0.php

http://www.emusic.com/album/Duo-Caramuru-Baldanza-Bossa-In-The-Shadows-MP3-Download/11124056.html

http://www.cabaretexchange.com/index.php?option=com_content&task=view&id=262&Itemid=137

http://www.laborrecords.com/new.html

http://www.ejazznews.com/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=8952&mode=thread&order=0&thold=0

http://portal.rpc.com.br/jl/colunas/conteudo.phtml?tl=1&id=734879&tit=Bossa-in-the-shadows

Imprensa escrita

Jornal de Londrina – 4 de fevereiro de 2008
Ranulfo Pedreiro

O nome do CD do duo Caramuru/Baldanza não podia ser mais fiel: Bossa in the shadows foi lançado no ano passado e faz um passeio por caminhos menos elementares da música instrumental, chegando a ambientes pouco ensolarados com inventividade.

A começar pela formação: piano e contrabaixo transitam pelos mesmos registros e, se o diálogo for pouco inspirado, pode cair na redundância. Não é o caso, Fábio Caramuru e Pedro Baldanza se conectam com facilidade, hora intensificando o ritmo com recursos percussivos, hora articulando um contraponto para enriquecer melodias.

Em 2008 comemoram-se os 50 anos da bossa nova, mas Bossa in the shadows não se encaixa no gênero, embora transpareça em determinados momentos como influência, especialmente Tom Jobim. E não é a única: o piano de Caramuru vai de Ernesto Nazareth a Villa-Lobos, de Bill Evans a Magda Tagliaferro, de quem foi aluno.

Miles Davis adorava o silêncio “explosivo” do piano de Evans. Fábio Caramuru desenvolveu algo similar, ressaltando o silêncio na interpretação.

Camargo Guarnieri, Baden Powell, Inezita Barroso, Duke Ellington e Joaquin Rodrigo ganham citações diretas. Jazz, baião, MPB, música erudita, música contemporânea, samba e choro se fundem em composições e improvisos que podem tanto carregar no lirismo – Ballad é bela e profunda – quando ultrapassar as fronteiras do tonalismo – Guarnieri Deconstructed, inspirado no Estudo de Camargo Guarnieri, surpreende nos intervalos e faz referência ao período em que o autor compôs obras atonais e seriais.

Não há fronteiras na música feita pelo duo, e isso quer dizer que as referências são evocadas dentro de uma linguagem particular, com uma complexidade que vai além da mera colagem ou simples citação. Caramuru e Baldanza são calejados, conhecem muito e têm grandes qualidades técnicas, mas nem por isso o disco cai no virtuosismo. A liberdade obtida pelo domínio dos instrumentos e o amplo espectro de gêneros brinda o ouvinte com um trabalho coeso e prazeroso.

Bossa in the shadows é bom de ouvir, mas não é easy-listening. O repertório está sempre cutucando o ouvinte, chamando a atenção, despertando com soluções criativas e livres dos clichês da música instrumental brasileira. Um achado.

O disco saiu pela Labor Records nos Estados Unidos e o encarte traz um texto elogioso de Eric Salzman, compositor, produtor e crítico com passagens pelo The New York Times e Stereo Review.

O Estado de S. Paulo – 11 de dezembro de 2007
Poética entre o clássico e o popular

O pianista Fábio Caramuru e o violonista Pedro Baldanza lançam Bossa in the Shadows, que dialoga com um rico universo

João Luiz Sampaio

Paulistano, Fábio Caramuru se iniciou na música pelo piano, estudou todo o repertório, do tradicional ao contemporâneo, se aperfeiçoou com Magda Tagliaferro. Já Pedro Baldanza aprendeu a tocar violão, guitarra e baixo “na marra”, ainda no interior do Rio Grande do Sul, começando cedo uma carreira que anos depois o levaria a se apresentar ao lado de Gal Costa, Elis Regina, Ney Matogrosso. Talvez por tudo isso soe estranho à primeira vista que os dois tenham se reunido, levando a amizade à colaboração nos palcos, desenvolvendo um trabalho interessante, que resulta agora no CD Bossa in the Shadows (selo Labors).

É o próprio Caramuru que, conversando com o Estado, ressalta a diferença na formação dos dois. E, se ele faz isso, é porque de certa forma é essa diferença – ou a busca pelo diálogo e a aproximação – que está no cerne do disco, que traz composições criadas da colaboração dos dois músicos e que conversam com um rico universo, de Duke Ellington a Inezita Barroso, passando por Villa-Lobos, Thelonious Monk ou Camargo Guarnieri. “Quando nos conhecemos, houve uma empatia imediata. O mundo musical de Baldanza me atraiu muito e vice-versa. Ele estabelece uma rica condução, um terreno fértil para que eu possa me libertar do rigor da música erudita. Do meu lado, posso ampliar suas referências a partir de minha formação erudita. Nessa dinâmica, há uma rica troca de signos entre esses dois mundos musicais tão distintos. O resultado é que conseguimos prescindir de clichês. Arrisco-me a dizer, até mesmo, que o nosso procedimento composicional se aproxima muito mais do rock progressivo que do jazz, que é normalmente atrelado a padrões mais previsíveis e decifráveis”, diz Caramuru.

É possível articular diferentes leituras a partir do trabalho do duo Caramuru/Baldanza. A mais evidente talvez seja aquela que insere o disco em uma linhagem antiga, bastante característica da música brasileira, que é a interseção constante e espontânea entre o clássico e popular. Villa-Lobos, Nazareth, Chiquinha Gonzaga, Guarnieri, Tom Jobim são apenas alguns dos nomes que transitaram entre esses dois mundos – e, não por acaso, Bossa in the Shadows ecoa muito do trabalho deles, dando uma unidade às faixas. “Acho sim que há um elemento que unifica o disco. Trata-se da nossa poética, representada pelo livre exercício da imaginação musical. Se analisarmos mais objetivamente, acredito que um dos aspectos mais marcantes seja a presença da politonalidade. Eu diria ainda que nosso tecido musical se fundamenta quase sempre em estruturas de contraponto, forte influência de Guarnieri. Exploramos muito também os silêncios, o que torna nossa música assimétrica e a faz respirar. Como pianista, sou particularmente fascinado pelos baixos. Isso pode ser facilmente percebido em muitas das faixas do CD. Em alguns momentos, praticamente não se distingue o piano do baixo de Baldanza, pois eles se fundem completamente. Uma particularidade do Pedro é a sua capacidade de reproduzir inúmeros timbres, do mais delicado ao percussivo, sendo que esse fator é decisivo para a riqueza de nosso timbre. Acho importante também mencionar que ensaiamos semanalmente, fazendo questão de não nos atrelar a um roteiro preestabelecido. Nessas ocasiões, e também nos concertos ao vivo e nas gravações, procuramos fazer com que a música brote diretamente de nossa percepção conjunta do momento que estamos vivenciando, buscando sempre um canal direto com o momento presente”, diz Caramuru.

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Disco duplo feito com uma década de diferença, Piano teve sua primeira metade gravada e lançada em 1997 com o nome de Tom Jobim piano solo e registrou o jovem pianista e arranjador sofrendo pela ausência de Tom, que morrera em 1994. Assim, Caramuru fez um disco melancólico e respeitoso cujo repertório navega por “Desafinado”, “Chega de saudade”, “Se todos fossem iguais a você”, “Anos dourados”, “Insensatez”, “Chovendo na roseira” e outros oito clássicos. O tempo correu, as feridas cicatrizaram e Fábio Caramuru gravou em setembro de 2006 seu reencontro com o repertório de Jobim, onde surgiram interpretações para outras músicas imortais, tais como “Água de beber”, “Wave”, “Dindi”, “Modinha”, “Retrato em branco e preto” e “Garota de Ipanema”. Sem medo de enfrentar os clássicos, principalmente porque os mostra novos e surpreendente, Caramuru dá sua importante contribuição ao grande cancioneiro jobiniano. Vale destacar o belo projeto gráfico, que une as calçadas de Copacabana e um estilizado mapa de São Paulo, assinado por Sato.

Faixas

DISCO 1

1 – CHORO
2 – MEDITAÇÃO
3 – ESPERANÇA PERDIDA
4 – CHEGA DE SAUDADE
5 – DESAFINADO
6 – SE TODOS FOSSEM IGUAIS A VOCÊ
7 – SÓ DANÇO SAMBA
8 – AMPARO
9 – CHOVENDO NA ROSEIRA
10 – LUIZA
11 – QUEBRA-PEDRA
12 – EU TE AMO
13 – INSENSATEZ
14 – ANOS DOURADOS

DISCO 2

1 – ÁGUA DE BEBER
2 – GAROTA DE IPANEMA
3 – FALANDO DE AMOR
4 – WAVE
5 – ESPELHO DAS ÁGUAS
6 – SAMBA DE UMA NOTA SÓ
7 – DINDI
8 – CANTA, CANTA MAIS
9 – SABIÁ
10 – FLOR DO MATO
11 – RETRATO EM BRANCO E PRETO
12 – TWO KITES
13 – VALSA ROMÂNTICA
14 – MODINHA

Tons sobre Tom – Jornal do Brasil 23/01/2007

A obra do grande maestro ganha duas leituras inéditas às vésperas do aniversário de 80 anos do nascimento do artista

Tárik de Souza

Na semana dos 80 anos de seu nascimento, comemorado na próxima quinta-feira, Tom Jobim recebe duas leituras paralelas de sua obra. Uma delas vem pelas mãos do pianista erudito paulista Fábio Caramuru, que gravou em 1997 o CD Tom Jobim piano solo. Agora, Caramuru apresenta um CD duplo intitulado Piano – Tom Jobim por Fábio Caramuru (MCD). Já o violonista e arranjador carioca Mario Adnet, que tem em sua trajetória dois discos dedicados a Jobim – e dividiu com Paulo, filho do maestro, o concerto DVD/CD Jobim sinfônico -, faz chegar às lojas o CD Jobim jazz (Adnet Mvsica).

Fábio Caramuru trouxe do passado a motivação para a obra atual.

– Sempre gostei de Jobim, desde quando ouvia meu pai tocar Meditação – explica. – Soava muito pianístico. Em 1996, comecei a brincar despretensiosamente com algumas partituras dele e isso se tornou um canal de expressão para mim.

A educação erudita de Caramuru encontrou afinidade na obra jobiniana – “não há lugar para excessos, arroubos” -, em que identifica claras referências e influências de compositores como Chopin, Satie, Debussy e Villa-Lobos. No primeiro CD, a abordagem é respeitosa e soa melhor nas canções deslavadamente pianísticas (Eu te amo, Luiza, Amparo) do que nos temas suingados (Só danço samba, Desafinado, Chega de saudade).

A ousadia se faz ouvir principalmente no precoce afro-samba Água de beber e na fatigada Garota de Ipanema, remodelados com o auxílio do baixo elétrico de Pedro Baldanza. Em Água de beber, o andamento contido cria uma trama rítmica no baixo, que permite ao piano amplo terreno para explorar harmonias e timbres inesperados. Em Garota de Ipanema, a idéia foi desconstruir a regularidade e previsibilidade rítmica, preservando sua harmonia. O repertório surpreende por garimpar fora do óbvio temas como Flor do mato, Espelho das águas, Two kites e Valsa romântica.

Longe do convencional também é o cardápio de Jobim jazz, que arpoa raridades do porte de Polo Pony, escrita por Tom para a trilha do filme inglês The adventurers, de 1969. O disco de Mário Adnet nada tem de raspa do tacho da ourivesaria de Jobim. Sua gravação foi iniciada um dia após a morte (ainda não noticiada no Brasil na época) de Moacir Santos. Adnet crê na “ajuda” santificada do inspirador de suingados sopros, como os de Quebra pedra e Domingo sincopado, e nas marolas de Surfboard – em que os sopros são cerzidos pelo violão de Helio Delmiro.

A música foi escrita por Jobim em 1965, quando trouxe de Los Angeles uma prancha para o filho Paulo, o primeiro convidado por Adnet para participar do trabalho.

– Ele não pôde, mas quando ouviu o resultado disse que lembrava o primeiro disco que aprendeu a colocar na vitrola com o tenteto do sax-barítono Gerry Mulligan, de 1953 – recorda.

Ali, na combinação de oito sopros, baixo e bateria, poderia estar uma das chaves do enigma da bossa, que Jobim Jazz – com lançamento marcado para 1º de fevereiro no Espaço Tom Jobim, no Jardim Botânico – ousou decifrar.

Digestivo Cultural – 2 de março de 2007

Guilherme Conte

Qualquer pianista que se disponha a embrenhar-se pela majestosa obra de Tom Jobim encontra de saída interpretações-referência no mínimo respeitáveis: o legado de gravações do próprio Tom. Exímio pianista, tinha tamanha familiaridade com o instrumento que criou e executou harmonias que soam, muitas vezes, únicas.

Em comemoração aos 80 anos do falecido compositor chega à praça Piano – Tom Jobim por Fábio Caramuru, álbum duplo com 28 faixas que dão conta de boa parte do fino da produção de Tom. É uma obra que não pode faltar na estante dos entusiastas do instrumento ou de quem deseja ver um novo ângulo de abordagem de canções já extremamente familiares aos nossos ouvidos.

Piano vem revestido de um dado que o torna muito interessante: há um intervalo de dez anos entre os dois CDs. Enquanto o segundo é inédito, o primeiro foi lançado originalmente sob o título de Tom Jobim Piano Solo. Só isso já valeria a curiosidade – a audição permite perceber a evolução artística de um talentoso instrumentista.

O paulistano Fábio Caramuru, de sólida formação clássica, demonstra profunda intimidade com o universo pianístico de Tom (tema, aliás, de sua dissertação de mestrado). Sua multiplicidade de referências, aliada a uma técnica apurada, lhe dá subsídios para transitar em um repertório cosmopolita por excelência.

Tom fez como poucos a ponte entre o popular e o erudito: sua essência bebia em muito desta dicotomia. E Fábio não só tem isso muito claro para si como trabalha em cima deste mesmo pensamento. Basta comparar “Amparo” e “Flor do Mato” para atestar essa dualidade de estéticas.

Talvez por ter trabalhado por uma década como arquiteto Fábio saiba que a função faz a forma. Seus arranjos transpiram vitalidade e frescor, e ressaltam aspectos submersos nas canções. Elegante, conseguiu atingir leituras muito próprias respeitando as concepções de Tom. O segundo disco soa mais solto em relação ao primeiro; sua sonoridade também difere por conta da presença eventual do contrabaixista Pedro Baldanza.

O compositor alemão Karlheinz Stockhausen disse certa vez que os músicos deveriam ser mestres de seu instrumento a tal ponto que seu corpo não seja obstáculos para sua alma. Essa é a relação que Fábio tem com o piano. Podemos ouvir intenções sussurradas por trás de cada nota.

O equilíbrio é a chave de sua interpretação. Fábio consegue imprimir a dose exata de emoção e delicadeza em cada frase. Seu piano canta com refinamento e espontaneidade. “Meditação”, “Esperança Perdida”, “Desafinado”, “Canta, Canta Mais” e “Retrato em Branco e Preto” são alguns dos exemplos mais evidentes. Pequenas jóias dentro de um trabalho de altíssima qualidade. Tom ficaria muito feliz.

Matéria publicada na Folha de Londrina em 14 de fevereiro de 2007

DISCO – Jobim em mãos consagradas
O pianista erudito Fábio Caramuru registra em disco duplo canções de Tom Jobim em que imprime traços particulares

Se estivesse vivo, Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim teria 80 anos e algumas semanas de vida. Ao que tudo indica, as homenagens ao grande maestro da música universal não devem se encerrar tão logo, surgindo em formato de releituras e relançamentos de sua obra grandiosa.

Uma delas ganha vida através das mãos do pianista erudito Fábio Caramuru. Já em 1997, o músico paulista havia registrado o CD ”Tom Jobim Piano Solo”, cujo impulso maior para sua realização fora a ausência do compositor de ”Chovendo na Roseira”, morto em 1994. Este ano, ele apresenta o CD duplo ”Piano – Tom Jobim Por Fábio Caramuru” (MCD).

Sem espaço para arroubos nas composições jobinianas, o álbum mescla a fidelidade das músicas originais com a livre linguagem pianística de Caramuru. ”Na ocasião do primeiro disco, o que me movia era a vontade de prestar uma reverência pessoal, contida e respeitosa”, destacou o pianista.

No repertório de 28 músicas, interpretações tipicamente pianísticas, como nas faixas ”Eu te Amo”, ”Luiza”, ”Amparo” e, também, nas suingadas ”Chega de Saudade”, ”Desafinado” e ”Só Danço Samba”. Na trama rítmica, o músico conta com a parceria do baixo de Pedro Baldanza em algumas faixas. Destaque para o samba-afro ”Água de Beber”. Fica claro que o processo de elaboração musical do projeto resultou na revisitação de um paulista por um patrimônio carioca – intercâmbio que está sugerido, inclusive, na arte gráfica assinada por Fernando Sato na embalagem digipack: mapas do estado de São Paulo estilizados com o desenho do calçadão de Copacabana.

Caramuru é arranjador e compositor de formação erudita, foi bolsista do governo francês em Paris a convite de Magda Tagliaferro, com quem se aperfeiçoou na década de 80. É mestre pela Escola de Comunicação e Artes da USP, onde escreveu sua dissertação de mestrado a respeito do piano na obra de Tom Jobim. Foi premiado com o ”Grande Prêmio da Crítica” da APCA em 1991. Possui cinco CDs lançados. Nos últimos anos, vem se dedicando intensamente à pesquisa e à interpretação da música brasileira, bem como o desenvolvimento de seu trabalho autoral – ”Moods” – em parceria com Pedro Baldanza.

O pianista já iniciou uma série de apresentações em São Paulo e segue nos próximos meses com shows em diversas cidades brasileiras. No Rio de Janeiro, Caramuru participa do ”Festival Tom Jobim 80 Anos” (de 23 e 25 de março), cujo repertório inclui a participação de Paula Morelembaum, Miúcha, Zuza Home de Melo, Ruy Castro, Vânia Bastos, entre outros nomes. Afinal, todo dia é dia de Tom Jobim.

CD duplo ”Piano – Tom Jobim Por Fábio Caramuru”. Gravadora: MCD. Preço sugerido: R$ 46,00

Liliana Onozato – Reportagem Local

Fábio Caramuru relê Jobim ao piano

Entre o erudito e o popular, pianista conversa com a obra do maestro
Beto Feitosa

A celebração dos 80 anos de Tom Jobim rendem os mais variados tributos, comprovando a versatilidade e a qualidade da obra do maestro. O pianista Fábio Caramuru beira o erudito quando interpreta a obra de Tom em seu piano.

O álbum duplo Piano – Tom Jobim por Fábio Caramuru ganhou edição de luxo no lançamento da gravadora MCD, e soma 28 canções do compositor. Entre elas sucessos como Meditação, Wave, Chega de saudade e Garota de Ipanema.

Mas também há espaço para algumas músicas menos badaladas como Flor do mato e Esperança perdida. Algumas músicas estão apresentadas com seus títulos originais, diferente dos conhecidos. Assim Amparo é a versão instrumental de Olha Maria. A música, originalmente composta para a trilha sonora do filme Os aventureiros, foi rebatizada depois que ganhou letra de Vinicius de Moraes e Chico Buarque.

O primeiro disco do box já é conhecido. Lançado originalmente por Fábio em 1997 com o título Tom Jobim piano solo, volta a catálogo dez anos depois acrescido de outro CD, dessa vez gravado com inserções do contrabaixo de Pedro Baldanza em algumas faixas.

Nos dez anos que separar um lançamento de outro Fábio mudou sua relação com a ausência de Tom Jobim. “O primeiro remete a um período em que me encontrava sob uma forte sensação de ausência com relação ao maestro, que havia nos deixado recentemente. Na ocasião o que me movia era a vontade de prestar-lhe uma reverência pessoal, contida e respeitosa”, lembra o pianista. “Na realização do segundo CD, em 2006, a melancolia e a saudade deram lugar a uma sensação alentadora de reencontro. Durante o processo de elaboração musical senti como se Jobim estivesse presente, dialogando e guiando minha alma; assim pude combinar mais livremente minha poética pianística com sua música”, revela.

A relação com o maestro fica clara em primorosos arranjos como o de Espelho das águas. A bem vinda inclusão de Two kites faz Fábio tocar como se estivesse sentado com Tom ao piano, com um arranjo que lembra muito a versão do maestro.

Pianista, arranjador e compositor, Fábio Caramuru é mestre pela USP, onde escreveu sua tese a respeito do piano de Jobim. Entre a teoria acadêmica e a prática artística, o músico realça belíssimas melodias no tom de Jobim e presta sua homenagem marcando o diálogo sem fronteiras entre o erudito e o popular.

O Globo, Caderno B, 27 de janeiro de 2007

Para celebrar os 80 anos de Tom – Radiola
cadernob@gazetaweb.com

O maestro carioca Tom Jobim ao piano, seu “companheiro” inseparável: obra-prima composta de seqüências harmônicas absolutas

Se estivesse vivo, o maestro Antônio Carlos Jobim teria comemorado na última quinta-feira (25/01), 80 anos de vida. Certamente, estaria experimentando fusões e abusando de encontros musicais, como ele sabia fazer muito bem. Para matar a saudade e encontrar a “aura poética” das composições de Tom Jobim, vale – e muito! – ouvir esse álbum duplo do pianista Fábio Caramuru, recheado de cuidadosas interpretações de composições absolutas de um dos “pais” da bossa nova. O disco 1, gravado em 1997, é mais uma reverência a Tom do que propriamente um trabalho autoral, mas dá para sentir a vibração de Caramuru ao interpretar as clássicas Só Danço Samba, Insensatez e Anos Dourados. JANAYNA ÁVILA

Brasil Recuerda Los 80 Años Del Nacimiento De Antonio Carlos Jobim

REPORTER.COM.AR

Site: http://www.reporterdelespectaculo.com

Shows, programas radiales y álbumes sobre su obra son parte de las actividades que Brasil preparó para el 80 aniversario del nacimiento del músico y compositor brasileño Antonio Carlos Jobim, fallecido en 1994.

El genial músico era pianista de bares y boites de Río de Janeiro, pero devino en compositor emblemático de la bossa nova, lo presentó un artículo de Ansa.

Si estuviera vivo, Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, ayer hubiera festejado sus 80 años, probablemente en el Bar Veloso, de Ipanema, donde una tarde alguien atendió el teléfono y le dijo: “Tom, te llama Frank Sinatra”.

Jobim tomó otro trago de su chopp de cerveza, antes de levantarse e ir hasta el teléfono, curioso por saber quién era el autor de la broma.

Pero al segundo de atender, la voz inconfundible del cantante estadounidense lo sorprendió con pocas palabras: “Jobim, quiero hacer un disco con usted”.

Corría el año 1966, y Jobim ya era más que conocido en el exterior para recibir esa invitación: en 1962 participó del Festival de la Bossa Nova, en el Carnegie Hall, de Nueva York.

Allí tres años más tarde, grabó su primer disco individual “The Composer Of ’Desafinado’ Play”, y allí fundó su propia casa discográfica, Corcovado Music.

El brasileño tuvo que superar una vez más su miedo irracional a los aviones para dejar su Río natal y volver a Nueva York, para grabar “Francis Albert Sinatra y Antonio Carlos Jobim”.

El disco incluyó “The Girl From Ipanema”, la “Garota de Ipanema” que, dicen en Brasil, es una de las cinco canciones más ejecutadas en el mundo de la segunda mitad del siglo pasado.

Fue en el mismo Bar Veloso donde Jobim y su amigo Vinicius de Moraes “estacionaban el cuerpo”, como ilustra la investigadora Rosane Volpatto, para admirar el paso de una muchacha, por entonces de 15 años y hoy abuela, que paseaba su belleza todos los días por las playas de Ipanema.

Buena parte de la vasta producción de Jobim, estimada en alrededor de 300 obras, surgió de los momentos compartidos con Vinicius, y también con Joao Gilberto, en una “asociación” considerada núcleo embrionario del bossa nova.

El nuevo aniversario del natalicio del artista es evocado con dos nuevas lecturas de su obra: el cd doble “Piano-Tom Jobim por Fábio Caramuru”, del pianista paulista Caramuru, y “Jobim jazz”, del arreglador carioca Mario Adnet.

En “Jobim Jazz” el público encontrará una curiosidad: “Polo Pony”, escrita por Jobim para la cortina musical del filme inglés “The Adventures”, de 1969.

“Vuelvo para ser uno del cinco por ciento de brasileños que pagan impuesto a la renta. Vuelvo porque nunca salí de aquí”, dijo una vez Jobim, antes de augurar: “Espero morir aquí. Es más confortable morir en portugués”.

Pero el deseo del “Grand Comandeur des Arts et des Lettres” (París, 1978) y Miembro de la Academia Nacional de Música Popular de Estados Unidos (1990) se vio frustrado. En 1994, a los 67 años, Jobim falleció de un paro cardíaco en un hospital neoyorquino.

Cinco años después, una comisión de notables brasileños, integrada entre otros por el arquitecto Oscar Niemeyer, el crítico Antonio Cándido y el músico Chico Buarque propusieron al Congreso “rebautizar” el aeropuerto internacional de Río, Galeao, con el nombre de Jobim.

Ironía del destino si las hay, el lugar donde Jobim vivió escenas de pánico cada vez que debió embarcar en un avión, desde 1999 se llama Aeropuerto Internacional Antonio Carlos Jobim. (Télam)

Links sobre o CD:

http://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=2214

http://jbonline.terra.com.br/editorias/cultura/papel/2007/01/23/cultura20070123000.html

http://ee.jornaldobrasil.com.br/reader/default.asp?ed=501&ca=7&num=32

http://www.vivamusica.com.br/noticia.php?id=247

http://www.ejazz.com.br/agenda/sp-detalhes.asp?cdEvento=2537&cdLocal=354

http://www2.uol.com.br/ziriguidum/0701/070126-01.htm

http://gazetaweb.globo.com/gazeta/Frame.php?f=Materia.php&c=103673&e=1556

http://www.bomdiasp.com.br/index.asp?jbd=4&id=112&mat=61198

http://www.reporterdelespectaculo.com/ultimas/view.asp?id=5561

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Projeto gráfico > Guto Lacaz

Moods Reflections Moods (2004 – ECHO 204)

Primeiro CD autoral do pianista Fábio Caramuru, lançado em 2004 pela Echo. Nesse CD com 10 faixas, Fábio Caramuru rompe com a tradição da interpretação erudita, voltando-se para um trabalho de livre improvisação. A gravação foi feita em uma única sessão num piano Steinway, modelo D-Concerto, alcançando um alto nível técnico. O CD marca o início do aprofundamento do estilo pessoal do pianista, lançando-o como compositor. Gravação feita pelo Estúdio do Gato no Espaço Promon, em 22/12/2003. O Projeto gráfico é de Guto Lacaz.

Matéria escrita por Jerome Vonk, publicada na Gazeta Mercantil em 17 de abril de 2004:

Fábio Caramuru é um cara muito corajoso.

Em um dos momentos mais negros da indústria fonográfica brasileira, cujo mercado está sendo destruído a golpes de pirataria física e de concorrência predatória, ele resolve lançar um CD que nenhuma gravadora, seja independente ou multinacional, teria a coragem de distribuir no minguado circuito comercial.

Moods, Reflections, Moods traz uma música difícil de se rotular, o que é usualmente considerado um sacrilégio – e um suicídio mercadológico – nesta época onde já recebemos tudo pré-mastigado, etiquetado e com as sempre detalhadas instruções de uso, para não se fazer feio. Não é jazz nem música erudita (no sentido estrito de suas possíveis definições); não vai tocar na trilha da novela nem passar no rádio. Se, ainda assim, alguém mais angustiado precisar de uma definição, música para quem tem ouvidos seria uma sugestão adequada.

Aluno aplicado de grandes mestres e tendo-se aperfeiçoado com Magda Tagliaferro (com bolsa oferecida pelo governo francês), Fábio Caramuru colecionou vários prêmios aqui e acolá, procurando conhecer a fundo todas as regras para que mais tarde – ainda que não o soubesse – pudesse transgredi-las de maneira integral. Em Moods, Reflections, Moods, ele cristaliza esta sua transformação e deixa evidente sua conquista particular: mais do que livre de, ele está livre para.

Face a face com um piano Steinway modelo D concerto, o CD foi gravado durante uma única sessão de absoluto improviso, sem retoques posteriores de qualquer natureza. E o resultado concreto, para o consumidor final? No meu caso, o disco já faz parte de um pequeno e seleto repertório de cabeceira, e tem como vizinhos Sobre Todas as Coisas, de Zizi Possi, A Love Supreme, de John Coltrane e várias canções de Jacques Brel entre outros.

Moods, Reflections, Moods é o seu quinto disco (vale a pena frisar o interessante projeto gráfico – de extrema simplicidade e bom gosto ímpar – do sempre competente Guto Lacaz); os anteriores são “Tom Jobim Piano Solo” (1997), “Especiarias do Piano Paulista” (1999), “Dó Ré Mi Fon Fon – 27 cantigas brasileiras” (2002) e “Magda Tagliaferro Fest – Canções de Richard Rodgers – com Magda Painno” (2004).

Esta nova história que Fábio Caramuru nos conta através das notas musicais vai ser re-contada no próximo dia 21. E aqui, mais uma vez, o já estabelecido cede sua vez ao inusitado: ao invés de se apresentar ao vivo e registrar sua improvisação em um CD, ele se propõe interpretar o que já está gravado, sem partitura – já que ela não existe. Mas isto ainda não o satisfaz plenamente, e ele resolveu convidar – para esta apresentação especial – Pedro Baldanza, contrabaixista de música popular (a título de referência, ele tocou com Elis Regina, Gal Costa, Ney Matogrosso, Marina etc.). A parceria é, no mínimo, inusitada – e o desafio não é mera bravata, pois o respeitável público está sendo gentilmente convidado (a entrada é franca).

Se eu tivesse que resumir em uma palavra Moods, Reflections, Moods – em tempos de insossas manifestações artísticas globalizadas e de indistintos genéricos – eu optaria por personalidade. Parabéns, Fábio Caramuru! É muito bom ouvir um CD sem prazo determinado de validade.

“Moods, Reflections, Moods” traz uma sonoridade difícil de se rotular

Matéria no Caderno da Gazeta sobre o CD “Moods, Reflections, Moods” [fusion_builder_container hundred_percent=”yes” overflow=”visible”][fusion_builder_row][ type=”1_1″ background_position=”left top” background_color=”” border_size=”” border_color=”” border_style=”solid” spacing=”yes” background_image=”” background_repeat=”no-repeat” padding=”” margin_top=”0px” margin_bottom=”0px” class=”” id=”” animation_type=”” animation_speed=”0.3″ animation_direction=”left” hide_on_mobile=”no” center_content=”no” min_height=”none”][2004].

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