Dando continuidade ao projeto EcoMúsica, Fábio Caramuru lança “Cigarra”, primeiro vídeo de uma série com instigantes diálogos entre a música e a natureza brasileira
O videoclipe Cigarra foi apresentado em primeira mão na Sala São Paulo, em 10 de abril de 2016. O público se emocionou com a criativa gravação, realizada com o uso de drones em uma espetacular fazenda no interior de São Paulo e, ao final, aplaudiu calorosamente.
“Casca oca
a cigarra
cantou-se toda”
(Matsuo Bashô)
Fábio Caramuru
um armistício em tempos de peleja.
Quando a beleza te traga
com avidez em uma espiral…
Eis que “Cigarra” nos sorve
provocando uma queda.
A lei da gravidade é fatal para o arrebatamento.
Não se luta contra o sublime, apenas cede-se.
E na altura dos nossos próprios pés
ao ouvir aquele avanço orgânico
e progressão de loops
sentimos que o momento tudo nos devolve.
É sensível som tecido em filigrana.
O mais delicado tear de mãos alinhavando
o vasto tapete verde.
Pausa para a cigarra!!!
Quando a natureza é o coral,
o tempo e o espaço entram em sintonia.
Não há lembrança ou tentativa de antecipação
nessa contemplação.
O piano é presença.
É unicamente existência.
E por efeito nos sentimos gratos por tudo isso.
E isso é tudo. E é grande demais.
Ouçam a dimensão meditativa do piano
na medida em que ebule a espécie.
O tempo vira remanso.
E para o segundo um hiato.
Metamorfoseiam-se os grilos,
completam-se os vazios
e regressa a superfície nossa profundidade.
O poder desse vôo insecta, desse canto afetivo
e deste piano veículo de fábula nos induz à trégua.
Emerge o sentir.
E se sentimos, logo existimos.
Ecoa Caramuru
O legado destes momentos
é bálsamo para o coração.
Emilia Cappi
Ficha Técnica
Fábio Caramuru | música e concepção projeto EcoMúsica
Ugo Soares Araújo | direção, edição e finalização
Babú Baia | direção artística
Alexandre Barros | produção executiva | www.echobr.com.br
José Luiz Costa (Gato) | som
Entre Nuvens | imagens aéreas
FNJV | Unicamp, sons de cigarras
Água de beber, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, interpretada por Fábio Caramuru
“(…) essa música foi escrita em Brasília, quando os dois (Tom Jobim e Vinicius de Moraes) foram convidados por Juscelino para compor a Sinfonia de Brasília, e a cidade ainda estava em construção, em 1959. Estavam caminhando pela rua e ouviram um barulho de água; foram ver o que era e uma pessoa falou pra eles: “é água de beber, camará”. (texto por Wagner Amorosino)
As fotos da chapada dos veadeiros foram feitas pelo pianista Fábio Caramuru, em 2011
Água de beber (Tom Jobim e Vinicius de Moraes)
Eu quis amar, mas tive medo
E quis salvar meu coração
Mas o amor sabe um segredo
O medo pode matar o seu coração
Água de beber
Água de beber, camará
Água de beber
Água de beber, camará
Eu nunca fiz coisa tão certa
Entrei pra escola do perdão
A minha casa vive aberta
Abri todas as portas do coração
Água de beber
Água de beber, camará
Água de beber
Água de beber, camará
Eu sempre tive uma certeza
Que só me deu desilusão
É que o amor é uma tristeza
Muita mágoa demais para um coração
Água de beber
Água de beber, camará
Água de beber
Água de beber, camará
Fonte: https://www.vagalume.com.br/tom-jobim/agua-de-beber.html
“Neste filme, de abril de 1950, resgatado graças ao empenho dos primos Oswaldo Vitta e Silvana Miani, encontramos um tesouro: imagens surpreendentes de uma festa na Mooca, em São Paulo, na qual aparecem meus pais, ainda noivos, tios, primos e minha avó. Foi uma das maiores emoções da minha vida poder rever, após tantos anos de separação, imagens da minha mãe, tão alegre! Escolhi para trilha musical dessa preciosidade familiar o chorinho “Feliz”, da querida Tia Inah, que gravei ao piano.”
(Fábio Caramuru, setembro de 2015)