28 a 31 de julho de 2016 | 19h15
A CAIXA Cultural São Paulo tem, nos últimos dias de julho, um projeto musical inédito: os Concertos Afro-Brasileiros. Com entrada gratuita e patrocínio da Caixa Econômica Federal, o projeto tem em sua programação composições de autores brasileiros inspiradas em temáticas africanas e afro-brasileiras. Com curadoria de Fábio Caramuru, pianista e compositor, e de Ligia Fonseca Ferreira, professora e pesquisadora, doutora pela Universidade de Paris 3 – Sorbonne, com tese sobre Luiz Gama (um dos mais combativos abolicionistas de nossa história), hoje docente do Departamento de Letras (área de língua e literatura francesa) da UNIFESP – Universidade Federal de São Paulo.
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Os concertos têm programas diferentes e serão apresentados duas vezes cada. Nos dias 28 e 30 de julho, quinta-feira e sábado, reunindo os músicos Fábio Caramuru, Daniel Murray e o trio Hercules Gomes, Leandro Oliveira e Joelson Menezes, peças instrumentais de autores como Pixinguinha, Patápio Silva, Camargo Guarnieri, Villa-Lobos, Tom Jobim e Carlos Gomes. Destaque para “A Cayumba” (Dança dos negros), de Carlos Gomes, obra de 1857, primeira dança negra do nosso repertório pianístico.
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Nos dias 29 e 31 de julho, sexta-feira e domingo, com as cantoras Edna D’Oliveira e Edineia de Oliveira e os músicos Marco Bernardo e Patricia Ribeiro, serão apresentadas peças instrumentais e vocais de autores como Waldemar Henrique, Hekel Tavares, Ernâni Braga e Villa-Lobos, além de uma série de canções africanas. Destaque para “Xangô”, de Villa-Lobos, canto fetiche de macumba escrito em 1919. Ao final de cada uma das apresentações a música brasileira de inspiração africana será discutida pelos artistas e pelo público presente, sempre com mediação da professora Ligia F. Ferreira.
QUINTA-FEIRA, 28 de julho & SÁBADO, 30 de julho | 19h15
DANIEL MURRAY, violão
- Paulo Bellinati (1950) | Jongo
- Daniel Murray (1981) | Interlúdio
- Heitor Villa-Lobos (1887-1959) | Estudo nº 12
FÁBIO CARAMURU, piano
- Carlos Gomes (1836-1896) | A Cayumba (Dança dos negros)
- Camargo Guarnieri (1907-1993) | Dança negra
- Baden Powell (1937-2000) e Vinicius de Moraes (1913-1980) | Consolação
- Tom Jobim (1927-1994) e Vinicius de Moraes (1913-1980) | Água de beber
HERCULES GOMES, piano, LEANDRO OLIVEIRA, flauta, & JOELSON MENEZES, clarinete
- Abel Ferreira (1915-1980) | Chorando baixinho
- Raul de Barros (1915-2009) e Ary dos Santos | Na Glória
- Patápio Silva (1880-1907) | Primeiro amor
- Pixinguinha (1897-1973) | Gargalhada
- Ernesto Nazareth (1863-1934) | Confidências
- Radamés Gnattali (1906-1988) | Remexendo
- Pixinguinha (1897-1973) e Benedito Lacerda (1903-1958) | 1 x 0
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SEXTA-FEIRA, 29 de julho & DOMINGO, 31 de julho | 19h15
PATRICIA RIBEIRO, violoncelo, MARCO BERNARDO, piano
- Eloá Gonçalves (1986) | Maracatu
- João Linhares (1963) | Coco
MARCO BERNARDO, piano
- Fructuoso Vianna (1896-1976) | Dança de negros
EDNA D’OLIVEIRA, soprano, EDINEIA DE OLIVEIRA, mezzo soprano, & MARCO BERNARDO, piano
- Heitor Villa-Lobos (1887-1959) | Estrela é lua nova
- Marlos Nobre (1939) | Dengues da mulata desinteressada
- Waldemar Henrique (1905-1995) | Abaluaiê
- Francisco Mignone (1897-1986) | Quizomba, Dança do rei Chico com a rainha N’Ginga
- Hekel Tavares (1896-1969) e Joracy Camargo (1898-1973) | Leilão
- Ernâni Braga (1888-1948) | O Kinimbá e Nigue-Nigue-Ninhas
- Hervé Cordovil (1914-1979) | Prece a São Benedito
- Heitor Villa-Lobos (1887-1959) | Xangô
Entremeadas às peças acima, serão cantadas, à capella, as seguintes canções africanas:
- ‘Shosholoza’, ‘Nkosi, Nkosi’, ‘Itonga’, ‘Siyahamba’ e ‘Nkosi Sikelelel’ iAfrika’
Exaltação de uma “alma africana”
É inegável a contribuição dos negros para a formação do povo, da cultura, do folclore, das artes e do nosso próprio caráter de brasilidade – seja do ponto de vista interno quanto dos que olham o Brasil de fora. Isso a despeito dos quase quatro séculos de escravatura que marcaram a história do Brasil. Desde o passado colonial os descendentes de africanos que chegaram ao País nos porões de “navios negreiros” sofreram com os estigmas que recaíam sobre a África. Segundo a ideologia reinante, naquele continente brotara uma “raça inferior”, desprovida de “história” e de “escrita”, incapaz de qualquer produção artística, filosófica ou abstrata.
Finda a escravidão, em 1888, o que se pensava sobre os negros pouco mudou. Os afrodescendentes ficaram sempre confinados às camadas mais humildes e iletradas da sociedade brasileira. Como consequência, observa-se até hoje que, em geral, as manifestações culturais e artísticas negras, especialmente as musicais, são quase invariavelmente vinculadas ao registro “popular”. No entanto, desde a segunda metade do século XIX, encontramos compositores eruditos, brancos e negros que se inspiraram em melodias e ritmos africanos ou afro-brasileiros.
Tomadas de forma esparsa, talvez hoje não se tenha a dimensão exata, no campo da música erudita, da representatividade e da riqueza dessa expressão musical que a tantos fascina, em virtude da exaltação de uma “alma africana”, presente não só no Brasil mas em outros espaços da “afro-diáspora” nas Américas. Prova disso é o fato de um dos maiores regentes da atualidade, o maestro Gustavo Dudamel, ter incluído no repertório da Orquestra Simón Bolívar, da Venezuela, a peça “Batuque”, de Lorenzo Fernández, sempre entusiasticamente aplaudida por plateias internacionais.
Matrizes essenciais da “alma brasileira”
O projeto Concertos Afro-Brasileiros pretende, portanto, reunir um repertório que permita jogar luzes sobre os temas negros presentes na nossa música erudita. Como que sinalizando, assim, o caminho inverso ao que normalmente se acredita, ou seja, de como os temas negros, ditos populares, se converteram em fontes e fertilizaram uma produção musical erudita que traduz uma das matrizes essenciais da “alma brasileira”. Do ponto de vista educativo, a ideia do projeto – que visa igualmente a (in)formação – pretende reforçar a questão da Consciência Negra, oferecendo ao público conteúdo e conceito seguramente inéditos em nossas programações culturais.
CONCERTOS AFRO-BRASILEIROS
Local | CAIXA Cultural São Paulo (Praça da Sé, 111 – Centro)
Data | de 28 a 31 de Julho de 2016 (quinta-feira e domingo)
Hora | 19h15
Informações | 11 3321 4400
Classificação indicativa | livre
Capacidade | 80 lugares
Duração | 60 minutos
Entrada franca (ingressos distribuídos a partir das 9h da manhã, no dia de cada apresentação)
Acesso para pessoas com deficiência
Realização | Echo Promoções Artísticas | www.echobr.com.br
Patrocínio | Caixa Econômica Federal[/][/fusion_builder_row][/fusion_builder_container]